2 de outubro de 2007

Eeeu??? Escrever? Quando? Onde? Como?

Foi tarde, já com 16 anos, em uma aula de Literatura, no Ensino Médio. E eu realmente não gostava daquela aula. Apesar de já ler muito (desde os meus nove anos, quando eu li Diário de Anne Frank), eu ainda não me interessava em estilos literários, e muito menos em escrever. Na verdade eu achava um saco. Principalmente depois das minhas aulas de redação. Mas acho que isso era parte de um preguiçoso nato preconceito ou daquela história de “se eu nunca fiz, eu não gosto”.

A minha professora, Sra. Georgina, que era daquelas professoras que todo mundo tinha medo (que depois se transformaria em raiva), insistiu veementemente para eu escrever a maldita poesia. Sim, isso mesmo, uma poesia. Tínhamos que fazer uma livre adaptação de uma poesia do Ferreira Gullar, Não há vagas, usando somente o título como inspiração, podendo escrever qualquer coisa que tivesse esse título e esse mote.

Eu só pensava em mandar longe a professora, pois não fazia a mínima idéia de como fazer isso. Até então só tinha feito trabalhos mal escritos de redação, aquelas coisas sem vontade. Sempre me senti vazio, sem nada em mente para dizer. Até aquele momento. Depois que ela nos convenceu sutilmente, dizendo que era uma das notas do semestre, eu tive aquele sentimento que alguns chamam de inspiração.

Saiu algo meio torto, meio clichê, com vários erros, típicos de quem não conhece nada. Mas lembro que na época (que nem é tanto tempo assim) a professora (acho que era para agradar) adorou e saiu até no jornalzinho da escola, nossa, eu me senti “o cara”, hehe. Depois disso foi um pulo, achei que tudo o que eu passava e sentia, poderia ser passado para o papel em forma de poesia. Foram várias e várias. Em menos de um ano, eu já tinha aprimorado um pouco a escrita e escrito um caderno completo com poesias, crônicas e contos. Era algo que me aliviava as tensões, um prazer que não perdi nunca mais...

Esse poema pode até ser ruim, mas me fez ter a oportunidade de ver que escrever é mais do que simplesmente rabiscar algo em um papel, escrever é desabafar consigo mesmo, confira:

Não Há Vagas:

Um dia, estava lendo o jornal

E li a notícia de um suicídio...

Para aquela pessoa, talvez,

Não houvesse mais vaga para a vida.

Ás vezes eu me pergunto:

Há vaga para viver nesta vida

De fracassos e ilusões?

Mas...

Dou uma rápida olhada

Para o meu jardim

Aos primeiros raios solares

E sinto o amor brotar

Das mais profundas fendas

Do coração...

Me parece que o cheiro da

Morte desaparece

E o dia alvorece

Trazendo vida e alegria

Para nossos dias de

Tristeza e solidão.

Com o tempo amadureço e vejo

Que não há mais vagas

Para dias tristes e solitários.

(Thiago Selliach)

ARREVOÁ




2 comentários:

Carla Luz disse...

Seu poema é bonito! É sim!
Ainda bem que a professora te obrigou a fazer, se não você não gostaria de escrever do jeito que parece que gosta.
O meu caso foi semelhante. A vontade de escrever veio por duas fontes, a professora ter mandado escrever algo (fiz um poema pra um garoto que eu gostava) e meu pai ter me dado o livro " A marca de uma lágrima" de Pedro Bandeira.
Depois desses dois inícios não parei mais!

Continue escrevendo!
Abraços

B! disse...

Se essa foi a primeira versão de 'Não há vagas' tenho que dizer que está ótima.
Claro, não sou nenhum especialista em escrita, longe disso, escrevo por 'esporte', mas, no meu conceito, muito bom.
Vez ou outra passo por aqui pra ver se já postou algo novo, gosto do jeito como escreve.
Parabéns. :)

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